O Ninho Dourado do Banco Senior

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  Em um país distante, chamado República do Bananal, chegava o tempo das eleições. O ar quente que dançava sobre as plantações de cacau trazia agora um novo perfume: o da esperança mesclada ao suor das multidões. Nas praças, dois homens disputavam o coração do povo. De um lado, Molusco, com sua voz de trovão doce e promessas de dias melhores; do outro, o Professor Modesto, calculista e silencioso como quem resolve uma equação difícil. No alto da colina onde repousava o palácio de mármore da Organização Santa das Eleições, Alex Egghead observava o movimento das ruas. Era um homem de semblante tranquilo, mãos finas e convicções profundas. Como Guardião Supremo das Urnas Sagradas, agora incontestáveis por força de uma nova lei, ele não precisava sujar as mãos com votos adulterados. Seu domínio era mais refinado: orquestrar a sinfonia delicada das percepções. Sua esposa, Serena, organizava naqueles dias um leilão beneficente em sua fundação cultural. Os catálogos, impressos em papel qu...

Ainda podemos considerar e chamar o Brasil de Império? A resposta é sim!

 


O Brasil é uma nação continental, plural e rica em diversidade cultural, étnica, geográfica e histórica. Desde sua independência em 1822, já viveu sob um regime imperial que moldou sua identidade, coesão territorial e estrutura institucional. Hoje somos a República Federativa do Brasil, uma democracia constitucional. No entanto, essa realidade política não invalida a possibilidade e mesmo a legitimidade de reconhecermos o Brasil também como Império em sentido simbólico, cultural, civilizacional e histórico.

Chamar o Brasil de Império portanto não significa restaurar a monarquia nem negar a república. É reconhecer uma dualidade profunda - o país que somos, a história que carregamos e a civilização que construímos. Esta dualidade, longe de ser contraditória, é uma riqueza que fortalece nossa identidade nacional, abrindo caminho para uma compreensão mais complexa, verdadeira e unificadora do Brasil.

Este artigo se propõe a defender em profundidade a ideia de que os brasileiros podem e devem chamar o Brasil de Império, sem ferir a ordem republicana vigente, exaltando o orgulho, a vocação integradora e a grandeza civilizacional que nos marcam desde o século XIX até hoje.

A História do Brasil e o Legado do Império

A história do Brasil foi decisivamente marcada pelo período imperial entre 1822 e 1889, quando o país deixou de ser uma colônia e se tornou uma entidade política independente sob o comando de Dom Pedro I e depois Dom Pedro II.

A independência do Brasil foi proclamada de forma singular, sem guerras civis generalizadas que fragmentassem o país. Ao contrário, o território brasileiro manteve-se praticamente intacto formando a maior nação da América do Sul em termos geográficos. Tal processo foi comandado por um projeto imperial que buscou a unificação de um vasto território marcado por diferenças regionais e socioeconômicas profundas. Foi a partir do Império do Brasil que o país ganhou uma identidade nacional coesa, instituições políticas e jurídicas sólidas ainda que em formação e infraestrutura básica para a integração territorial como estradas de ferro, correios e serviços públicos. O legado imperial é o alicerce que permitiu a continuidade da unidade nacional após a Proclamação da República.

Durante o Império o Brasil viveu um processo de modernização política e social que inclui a criação de um parlamento bicameral, a liberdade de imprensa, o reconhecimento da escravidão como problema social com o gradual movimento abolicionista culminando na Lei Áurea de 1888 e a inserção no cenário internacional com a defesa da soberania e diplomacia própria.

Dom Pedro II especialmente simbolizou a figura do monarca constitucional e moderador que evitou guerras civis e promoveu a estabilidade política em um período crucial para a consolidação nacional. Essa fase da história brasileira representa por si só uma civilização em construção - um império de vocação moderna que lançou as bases para o Brasil republicano.

Império: Conceito Amplo para além do Regime Político

A palavra Império tradicionalmente se associa à monarquia, ao imperador e à concentração do poder. Contudo seu significado é mais amplo e rico especialmente quando observamos a história das grandes civilizações.

Impérios não são apenas formas de governo, mas também projetos culturais, sociais e históricos que visam integrar diferentes povos, línguas, costumes e regiões sob uma identidade comum. No caso do Brasil mesmo com a transição para a república essa vocação permanece viva: o país continua a abrigar um mosaico cultural único com a convivência histórica entre indígenas, africanos, europeus, asiáticos e seus descendentes numa síntese que ultrapassa a mera somatória de partes.

Assim como o Império Romano não desapareceu com a queda do Império Ocidental, mas continuou na forma do Império Bizantino o Brasil pode ser pensado como um império que ao migrar para a república preserva sua essência integradora sua vocação continental e sua complexidade civilizacional.

A república brasileira não rompeu com o passado imperial; pelo contrário, ela se apoia nele para seguir existindo como uma nação unificada, plural e continental.

O Brasil é um Império Territorial e Demográfico

O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial com cerca de 8,5 milhões de km² e o sexto em população com mais de 200 milhões de habitantes. Essa imensa extensão implica desafios e responsabilidades únicas como a gestão de biomas diversos como a Amazônia, o Pantanal, a Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica, a convivência com dezenas de povos indígenas que são parte integrante da nação e a integração econômica e social de regiões com características e necessidades bastante distintas.

A manutenção da integridade territorial ao longo de séculos é uma das maiores provas da vocação imperial do Brasil, um país que não se fragmentou apesar das pressões internas e externas.

O Brasil é uma das sociedades mais mestiças do planeta. Sua cultura é resultado da fusão de tradições indígenas, africanas, europeias e asiáticas que geram manifestações culturais únicas da música ao folclore, da religião à culinária. Tão grande diversidade, longe de ser um fator de divisão é um elemento de coesão expressão da capacidade brasileira de integrar diferenças sob um mesmo projeto nacional.

O Brasil como Império Cultural e Civilizacional

A projeção do Brasil vai além das fronteiras físicas. Nossa influência cultural é sentida na América Latina, em África especialmente nos países de língua portuguesa e em diversas partes do mundo. O samba, a bossa nova, a literatura de Machado de Assis, Clarice Lispector e Guimarães Rosa, o cinema premiado internacionalmente, o futebol que é paixão mundial - tudo isso compõe o império cultural brasileiro. Esse poder cultural é um tipo de império sem armas que gera reconhecimento, admiração e atração. O Brasil nesse sentido é uma potência civilizacional.

Como maior país da América Latina, o Brasil atua como elo entre o mundo desenvolvido e os países da região e emergentes. Essa posição geopolítica reforça a ideia de império contemporâneo - um país que não apenas ocupa espaço, mas lidera e conecta.

Por que os brasileiros podem e devem chamar o país de Império?

O Brasil tem uma história marcada por contradições, mas também por conquistas imensas. Reconhecer o Brasil como império é um ato de valorização legítima do país e do povo brasileiro que muitas vezes se desvaloriza por complexos de inferioridade. Ou seja, esse reconhecimento é um passo importante para construir uma autoestima coletiva essencial para o progresso social e político.

Ao contrário do que se pensa, chamar o Brasil de império não promove divisão, mas reforça a ideia de um projeto comum de uma identidade plural que se mantém unida. Isso é crucial em tempos de polarização e crise de identidade nacional pois ajuda a reencantar o país com sua própria história e destino. Esse reconhecimento simbólico do Brasil como império não contradiz o sistema republicano vigente, a república permanece com eleições livres, divisão de poderes e soberania popular.

Chamar o Brasil de império é, pois, um ato simbólico que não compromete a democracia, mas a enriquece ao permitir que a nação se veja em sua totalidade.

Implicações Práticas e Educativas

Incluir o conceito do Brasil como império em livros didáticos, museus, universidades e campanhas culturais é um passo para fortalecer a identidade nacional.

Reconhecer o Brasil como império ajuda a reforçar sua postura de liderança responsável na América Latina e no mundo projetando poder suave e influência construtiva. Este reconhecimento simbólico pode contribuir para o diálogo entre diferentes grupos sociais ao valorizar a diversidade como parte de um projeto maior que é a nação brasileira.

Conclusão

O Brasil é em sua essência uma grande nação que reúne sob o mesmo céu a complexidade, a diversidade e a força de um império civilizacional. Essa vocação imperial não está em conflito com a forma republicana de governo, mas a complementa trazendo à tona a riqueza histórica e cultural que fundamenta a república. Por isso, os brasileiros podem sim chamar seu país de Império com orgulho, consciência e respeito à democracia pois esta palavra traduz a grandeza territorial, a diversidade civilizacional e o legado histórico que fazem do Brasil uma nação singular no mundo.

Reconhecer o Brasil como império é em última análise afirmar que somos uma grande civilização em contínuo processo de construção que honra seu passado, vive seu presente e vislumbra um futuro de integração, justiça e progresso.

Estrela Destra

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