O Ninho Dourado do Banco Senior
Marxismo, Teorias de Gênero, Ativismo e Charlatanismo Judicial
Vivemos numa era em que a ciência é invocada a todo instante como selo de verdade, argumento de autoridade e justificativa moral para toda forma de política pública ou intervenção institucional. No entanto, nunca foi tão fácil manipular esse prestígio para promover agendas ideológicas travestidas de conhecimento técnico.
O que antes era reconhecidamente
doutrina, utopia ou simples militância política hoje se apresenta sob rótulos
sofisticados: “teoria crítica”, “ciência social”, “pesquisa interdisciplinar”,
“consenso acadêmico”. Mas por trás dessas fachadas, muitas vezes o que há é pseudociência,
viés político e imposição emocional. Esse fenômeno tem nome: charlatanismo
acadêmico. E ele se tornou, sem exagero, o maior câncer intelectual e
institucional do século XXI.
A origem do
charlatanismo são ideologias com jaleco de ciência
Duas grandes fontes desse
charlatanismo se destacam: o marxismo acadêmico e as teorias de gênero radicais.
Ambas compartilham uma estrutura comum: formulam interpretações altamente
subjetivas da realidade, mas buscam legitimidade ao se apresentarem como
“científicas” e “inegáveis”.
Quando uma teoria não pode ser criticada, testada, nem contrariada por dados e ainda assim é imposta como verdade absoluta, ela não é ciência, é uma religião secular... (a diante)
Marxismo é uma falsa
profecia disfarçada de teoria científica
O marxismo bebe de fontes
escassas e dissociadas, mas sempre se vendeu como uma ciência clara da
história. Karl Marx afirmava ter descoberto leis objetivas e inevitáveis do
desenvolvimento humano, que culminariam no colapso do capitalismo e na ascensão
do comunismo. Contudo, como mostrou o filósofo Karl Popper, o marxismo não é
falsificável, ou seja, não pode ser refutado por meio de testes empíricos. Por
isso, não é ciência, mas profecia política disfarçada de teoria objetiva e,
como toda profecia, não se sustenta por prova ou método científico, mas por
algum tipo de fé.
Por mais de um século, o marxismo
ocupou espaços privilegiados na academia, especialmente nas ciências humanas e
sociais. Apresentado como uma teoria científica da história e da sociedade, o
marxismo prometia uma compreensão total da realidade e, mais ainda, uma chave
para sua transformação radical. No entanto, sob o verniz de rigor intelectual,
o marxismo mostrou-se, na prática, um sistema ideológico fechado, dogmático, e,
sobretudo, politicamente funcional aos interesses de pequenas elites que se
beneficiam do discurso revolucionário. Essa instrumentalização de ideias
utópicas para fins de poder representa um dos maiores exemplos de charlatanismo
acadêmico moderno.
Ao se apresentar como ciência, o
marxismo adquire um ar de autoridade acadêmica que lhe garante espaço em
universidades e currículos, mesmo depois de repetidas falhas históricas e
teóricas. Essa apropriação do rótulo científico é, portanto, uma forma de enganar,
não apenas intelectuais ingênuos, mas gerações inteiras de jovens que são
expostos a essas ideias como verdades absolutas devido ao apelo emocional como
fator de maior poder na juventude, etapa da vida em que o ser humano possui
maior crença de seu potencial de influenciar o mundo em volta, mesmo que não
possua de fato tanto poder quanto presume e normalmente não possui, mas como
portador de tal ímpeto potencialmente ilusório, se torna alvo preferencial para
recrutamento de militância.
Economistas como Ludwig von Mises
e Friedrich Hayek desmontaram, já no início do século XX, os fundamentos
econômicos do socialismo. O chamado “problema do cálculo econômico” evidencia
que, sem preços livres e propriedade privada, não há como saber o real valor
dos bens, nem como alocá-los eficientemente. A tentativa de substituir o
mercado por burocracias estatais levou à escassez, à estagnação e à miséria,
sempre acompanhadas de censura e repressão política. Além disso, o marxismo
despreza valores fundamentais como a liberdade individual, a ética pessoal e a
diversidade de pensamento. Substitui tudo isso por uma lógica de classe, de
grupo, de coletivismo abstrato. O indivíduo, com sua dignidade e autonomia, torna-se
descartável diante dos interesses do "progresso histórico".
Teorias de Gênero
Já as teorias de gênero,
especialmente em suas versões mais radicais, propõem que “homem” e “mulher” são
construções sociais arbitrárias e subjetivas, completamente dissociadas da
realidade biológica. Alegam que identidade de gênero é algo autodefinido,
fluido, mutável e que essa autopercepção deve ser tratada com o mesmo status de
verdade científica que o sexo biológico registrado em um exame genético.
É fundamental afirmar com clareza
que no âmbito da liberdade individual e da vida privada, cada pessoa tem
todo o direito de se expressar como quiser, de adotar a identidade que
melhor representa sua experiência subjetiva. Isso é parte essencial de uma
sociedade livre. O problema aparece e se agrava quando essa concepção subjetiva
e pessoal passa a ser imposta como verdade científica incontestável,
ensinada em escolas, respaldada por políticas públicas, e protegida por leis
que criminalizam o contraditório. O que era uma expressão legítima de liberdade
individual torna-se, então, doutrina obrigatória baseada não em ciência,
mas em militância emocional institucionalizada.
O perigo da
manipulação afetiva
Há uma diferença fundamental
entre o terraplanismo e as teorias de gênero radicais, ainda que ambas
desafiem a realidade objetiva e na família dos absurdos, as duas ideias sejam
irmãs gêmeas bivitelinas. O terraplanismo é risível, inofensivo, e raramente
move mais do que piadas na internet. Já as teorias de gênero, assim como o
marxismo, atuam no campo da identidade, do trauma e do orgulho de minorias
reais, mobilizando sentimentos profundos e inflamáveis, que segam e escravizam
mais do que a “discussão” sobre o formato de um planeta.
Na história da humanidade, o
campo subjetivo (orgulho, identidade, ressentimento) foi responsável por
guerras, genocídios, revoluções sangrentas e milhões de mortes. Quando uma
ideia se conecta com um sentimento de injustiça ou com a sensação de que um
grupo foi historicamente oprimido, ela passa a funcionar como um combustível de
mobilização coletiva, às vezes com consequências destrutivas. As teorias de
gênero, nesse sentido, são muito mais perigosas do que o terraplanismo.
Não porque sua base seja mais sólida (não é), mas porque conseguem mobilizar
minorias reais e exploram dores legítimas para promover agendas ideológicas
questionáveis, inclusive na legislação, na educação infantil e nos
protocolos médicos.
A crítica deixa de ser científica
e se transforma em uma batalha moral e assim, se você questiona, é
transfóbico; se discorda, é opressor. Dessa forma, a discussão científica é
interditada pelo ativismo emocional e a verdade se torna secundária diante
do apelo político, já que tanto o terraplanismo quanto as teorias de gênero
radicais, por exemplo, representam formas de descolamento da realidade
objetiva. A diferença está em que o primeiro é quase inofensivo, enquanto o
segundo instrumentaliza sentimentos humanos profundos para fins ideológicos
e de poder.
Negar a realidade biológica sob o
pretexto de inclusão não é apenas cientificamente incorreto, é eticamente
irresponsável, porque expõe populações vulneráveis a intervenções médicas
irreversíveis, censura o debate aberto e permite que o orgulho legítimo de
minorias seja usado como arma política por elites que nada têm a perder e
muito a ganhar com a desordem social.
Regressão
cognitiva, o terreno fértil do charlatanismo
O trecho da bela música “What
a Wonderful World” de Louis Armstrong menciona as crianças crescendo e
aprendendo mais do que a geração anterior:
I hear babies cry, I watch them Grow
They'll learn much more than I'll ever know
(Em português: “Ouço bebês chorarem, vejo-os crescer... Eles vão aprender
muito mais do que eu jamais saberei.”)
À medida que o tempo passa, cada geração nasce num mundo com mais conhecimento disponível do que a anterior. Isso acontece porque o aprendizado e as descobertas vão se acumulando: ciência, tecnologia, cultura, formas de pensar e até experiências de vida. É como uma escada onde cada degrau representa o que as pessoas aprenderam até ali, e a próxima geração começa um pouco mais alta, com mais ferramentas para explorar e entender o mundo.
Por isso, é esperado que as crianças de hoje “saibam mais” do
que seus pais ou avós em muitos aspectos. Elas têm acesso a informações,
tecnologias e métodos de ensino que as gerações anteriores não tinham. Isso não
diminui o valor do que veio antes, ao contrário, é graças ao que foi construído
por aqueles que vieram antes que o progresso é possível. A canção celebra a
expectativa de que cada geração tenha um desenvolvimento maior. Isso remete
diretamente ao Efeito Flynn, o fenômeno documentado ao longo do século
XX em que os escores médios de QI aumentaram de geração em geração graças à
melhoria de fatores como nutrição, educação e acesso à informação.
Durante o século XX, essa
tendência animadora foi observada, o Efeito Flynn, nome dado ao aumento
contínuo dos níveis médios de QI em várias partes do mundo. Esse crescimento
foi atribuído a fatores como melhor educação, alimentação, estímulos cognitivos
e acesso à informação. Era o sinal de uma humanidade que aprendia, evoluía e
aprimorava suas capacidades mentais. Contudo, essa tendência entrou em reversão.
Em seu livro "A Fábrica de
Cretinos Digitais", o neurocientista francês Michel Desmurget expõe uma
realidade alarmante: pela primeira vez, os filhos estão apresentando QI
inferior ao de seus pais em países onde os fatores socioeconômicos permaneceram
estáveis, como Noruega, Dinamarca, Holanda, Finlândia e França. A causa
principal apontada é clara: a exposição massiva, precoce e descontrolada ao
ambiente digital. Crianças e adolescentes, imersos desde cedo em redes sociais,
vídeos de estímulo rápido e consumo de conteúdo superficial, não desenvolvem as
mesmas habilidades cognitivas de gerações anteriores. Falta-lhes concentração,
profundidade de leitura, raciocínio abstrato e pensamento crítico.
O trecho da música de Armstrong representa
um olhar esperançoso sobre o futuro, a crença de que o aprendizado humano é
cumulativo e ascendente. Já Michel Desmurget nos coloca frente a uma realidade
mais complexa: o progresso não é automático, e as facilidades
tecnológicas podem, paradoxalmente, comprometer habilidades cognitivas
fundamentais.
Esse declínio intelectual cria o
ambiente ideal para o avanço do charlatanismo acadêmico.
Uma população jovem cognitivamente mais frágil, sem treino de linguagem formal,
lógica ou análise crítica, torna-se muito mais vulnerável a narrativas
ideológicas travestidas de ciência. O que antes exigia debate e evidência, hoje
é aceito com base em slogans emocionais e palavras de ordem. A mente que não
questiona é terreno fértil para qualquer mentira que se vista de verdade.
O mais preocupante é que essa
degradação da capacidade cognitiva não apenas permite o avanço do charlatanismo,
ela o retroalimenta. Ao aceitar ideias frágeis sem contestação, as instituições
reforçam essa fragilidade. Escolas abandonam conteúdos exigentes em nome de
“inclusão afetiva”. Universidades premiam o engajamento militante em vez do
rigor acadêmico. A linguagem é policiada, o pensamento é podado, e a dúvida (fundamento
de toda ciência) é substituída por crença obrigatória.
Com isso, forma-se uma espiral descendente: A juventude pensa menos → É doutrinada com mais facilidade → Reforça ideias sem base real → Perde ainda mais capacidade crítica → Legitima políticas públicas e decisões jurídicas baseadas em pseudociência. A tragédia intelectual se torna estrutural. O charlatanismo acadêmico vira norma institucional e, em seguida, instrumento de coerção legal.
Ativismo judicial é sinônimo direto de charlatanismo judicial
Em um sistema saudável de
separação de poderes, o papel do Judiciário é aplicar a lei de maneira
imparcial, de acordo com a Constituição, os fatos e as provas. No entanto, nas
últimas décadas, o Brasil (e outros países ocidentais) têm assistido ao crescimento
de um fenômeno profundamente preocupante: o ativismo jurídico, quando
magistrados deixam de interpretar a lei dentro dos seus limites e passam a redefinir
a própria realidade social conforme suas convicções ideológicas pessoais ou
segundo o espírito de militância de seu tempo.
Em nome de uma suposta “justiça social” ou “defesa de minorias”, decisões judiciais vêm sendo baseadas não em leis aprovadas democraticamente, nem em evidências sólidas, mas em teorias ideológicas que se originam do charlatanismo acadêmico. Quando tribunais se curvam a conceitos subjetivos como “gênero fluido”, “violência simbólica” ou “lugar de fala” (todos desprovidos de clareza jurídica, rigor científico e base constitucional) o direito é substituído por militância. E aqui é necessário dizer com todas as letras: ATIVISMO JUDICIAL É SINÔNIMO DE CHARLATANISMO JUDICIAL.
Não se trata de evolução do
pensamento jurídico, mas de usurpação de função legislativa, de
substituição do debate democrático por decisões unilaterais com base em ideias
não testadas, não consensuais e frequentemente contrárias à Constituição e à
ordem legal vigente. Esse tipo de atuação judicial transforma o Judiciário em
braço operativo de agendas ideológicas, colocando os cidadãos à mercê de fantasias,
interpretações voláteis, contraditórias e perigosamente subjetivas.
Do charlatanismo acadêmico ao
charlatanismo jurídico: a metástase ideológica
A consequência final e mais perigosa desse ciclo aparece quando essas ideias subjetivas são transformadas em decisões judiciais com força de lei. Surge então o charlatanismo jurídico, irmão gêmeo do charlatanismo acadêmico.
Trata-se de ativismo togado travestido de justiça, quando juízes e tribunais, em vez de aplicar a lei com base na Constituição e nos fatos, passam a fundamentar sentenças em ideologias acadêmicas sem consistência científica. Isso ocorre, por exemplo, quando tribunais tratam “identidade de gênero” como critério absoluto e inquestionável, acima do sexo biológico; Opiniões científicas, religiosas ou tradicionais são criminalizadas como “discurso de ódio”; Estudos ideológicos viram base para legislações que punem o contraditório. Em tais casos, o Judiciário deixa de proteger a liberdade e passa a ser instrumento de imposição ideológica.
Quando uma ideia nasce nas
universidades contaminadas por militância, avança por políticas públicas,
infiltra-se na linguagem institucional e, por fim, é consolidada por
decisões judiciais que a tratam como verdade oficial, temos a metástase
do charlatanismo. O que começou como teoria não comprovada vira dogma de
Estado.
Hoje, um juiz pode condenar
alguém por “discurso de ódio” ao simplesmente expressar uma opinião científica
ou religiosa diferente da narrativa que estiver na moda, porque alguma
“cartilha”, “relatório de ONG” ou “pesquisa de militância” assim o sugere. Isso
não é aplicação da lei, é ideologia aplicada com toga e o charlatão (juiz
militante) se esconde covardemente por trás do nome da instituição que
representa, transformando qualquer crítica ao seu charlatanismo e ativismo
judicial em ataque às instituições.
A falência da razão pública
O que deveria ser o bastião do
pensamento crítico, a universidade, se tornou um campo de doutrinação. O que
deveria ser o guardião da justiça, o Judiciário, passou a “legislar” por
afinidade ideológica. O cientificismo ideológico substituiu a ciência, o
sentimentalismo jurídico substituiu a imparcialidade e o jovem, que deveria ser
preparado para pensar livremente, está sendo treinado para repetir lemas e
temer o dissenso, o isolamento e até a punição por supostos e absurdos crimes
de pensamento. O resultado é a morte da razão pública.
A resistência
começa pela verdade
É possível resistir, é necessário
resistir. A mentira com aparência de ciência só prospera quando a verdade se
cala por medo ou conveniência. Assim, defender o pensamento crítico hoje
significa desmascarar ideologias travestidas de ciência, rejeitar a imposição
de crenças subjetivas como se fossem verdades absolutas, exigir rigor das
universidades e responsabilidade dos tribunais, restaurar o valor da dúvida, da
razão e da liberdade de pensamento.
Quando uma teoria não pode ser
criticada, testada, nem contrariada por dados e ainda assim é imposta como
verdade absoluta, ela não é ciência, é uma religião secular, uma crença
dogmática com pretensões de totalidade. O marxismo e as teorias de gênero
assumem essa postura, operando como doutrinas de salvação social que explicam
todos os problemas e oferecem soluções mágicas, mesmo que estas nunca tenham
funcionado na realidade.
A ciência de verdade sempre tolera o debate
É urgente resgatar a honestidade
intelectual, a abertura ao debate e o rigor metodológico dentro da academia. O
combate ao charlatanismo acadêmico não é apenas uma defesa da ciência, é uma
defesa da liberdade de pensamento, da democracia real e do direito de cada
cidadão a ser informado (e não manipulado) por quem detém o “poder intelectual”.